Estudante da FADISMA participa de debate sobre violência e assédio

Em oito de março de 1917, aproximadamente 90 mil operárias russas manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, escancarando as más condições de trabalho, a fome e manifestando contra a participação russa na guerra – protesto que ficou conhecido como "Pão e Paz". A data consagrou-se pela simbologia do ato – onde mulheres, até então subjugadas socialmente, se levantavam contra um modelo de sociedade. Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que firmava princípios de igualdade entre homens e mulheres.

Após anos de manifestações e reivindicações por parte de grupos organizados de mulheres, que buscavam melhores condições de vida e trabalho, direito ao voto, em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, a ONU oficializou em seu calendário o dia oito de março como Dia Internacional da Mulher, data que até hoje movimenta coletivos de mulheres, que ainda precisam batalhar por espaço e reconhecimento na sociedade, mesmo passados 43 anos da oficialização da data.

Mulheres vão às ruas protestar na Rússia em 1917

 

Em Santa Maria, cidade com grande histórico de organização e mobilização política, o Dia da Mulher é pauta permanente dos movimentos sociais, sindicais e coletivos. Em 2018, uma das atividades em alusão à data ocorrerá na sede da SEDUFSM, mais precisamente no auditório Suze Scalcon, às 19h.

O debate intitulado “Violência para além do assédio” será mediado pela diretora da SEDUFSM, Fabiene Costas. Ao lado dela, outras seis mulheres estarão em foco para pautar o tema, importantíssimo para a sociedade – dentre elas, está Gabriella Meindrad, mulher transexual, aluna do 3º semestre do curso de Direito e ativista LGBTTI.

Militante desde 2015, quando foi coroada Rainha do Carnaval Diversidade de Santa Maria, Gabriella iniciou trabalho conjunto à ONG Igualdade, que há mais de quinze anos desenvolve atividades no município e na região em prol da causa LGBTTI. Em parceria, a estudante de Direito desenvolve atividades de extensão sobre gênero e sexualidade em escolas e universidades, tanto na formação de alunos quanto de professores, além de ser colaboradora do Núcleo de Gênero e Diversidade do Instituto Federal Farroupilha – Campus de Alegrete. Através do Núcleo de Estudos em (Web)Cidadania da FADISMA, ela desenvolve a ação de extensão intitulada “Visibilidade Trans: Direitos, Inclusão Social e Cidadania”.

“Abordar a temática de gênero e sexualidade, utilizando como elemento principal os transexuais na sociedade, com toda a realidade de estigma, exclusão e preconceitos que sofremos diariamente, é um desafio, mas também uma necessidade, uma vez que possibilitar espaços de discussão sobre a perspectiva de construção de gênero e as relações históricas estabelecidas na sociedade permite um processo de construção e diálogo entre teorias e as experiências vividas, promovendo reflexões, sensibilização para um novo olhar, um olhar sensível, fraterno e empático sobre as pessoas trans, tolerância e respeito às diferenças” – comenta Gabriella.

Gabriella participa de evento no IFe de Alegrete
 

 

 Mulher, transexual e militante, Gabriella representará diversas mulheres que buscam espaço em uma sociedade que ainda hoje não aceita completamente uma nova realidade de identificação de gênero que vai além do binário masculino e feminino.

 “A realidade de tantas transexuais é de vulnerabilidade. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, com 179 assassinatos em 2017, um a cada 48 horas – um acréscimo de 15% em relação a 2016, afirmando a expectativa de vida de apenas 35 anos. Os tipos de violências chegam de formas distintas, seja por agressão verbal, ou física. Cerca de 74% das transexuais já sofreram algum tipo de violência, fato que reafirma a necessidade de discussão sobre educação, construção de gênero, ocupação de espaços de poder, inclusão e políticas públicas, e, principalmente, o direito de pertencer a si mesmo, o direito à vida, à liberdade de ser quem somos, resilientes para lutar, para existir, resistir e reexistir”.

 Para ampliar pontos de vista e lutar, assim como as russas de 1917, por uma sociedade mais igualitária, Gabriella convida a comunidade acadêmica da FADSIMA para o debate que ocorre amanhã.

“Convido a todos para que neste dia 08/03, às 19 horas no SEDUSFM, possamos nos construir e reconstruir nesta interação, reforçando a igualdade e o respeito, independente de gênero, orientação, raça, credo. Para que sejamos acolhedores e fraternos e que sigamos na busca por equidade, tolerância e respeito, pois a diferença nos enriquece e o respeito nos une”.

O evento com mais informações pode ser acessado aqui.

 

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